Piadas #4

O menino ceguinho de nascença ia fazer 10 anos. Faltavam poucos dias e uma tarde o pai do menino ceguinho chega pra ele e diz:
- Meu filho, mandei vir dos Estados Unidos um colírio que vai curar a sua cegueira. É um remédio maravilhoso, milagroso. Só uma gotinha em cada olho e você vai poder enxergar.
Ai o menino ficou todo feliz e disse:
- Que bom, pai. Agora eu vou poder saber como é você, como é a mamãe, meus amigos, o azul, o feio, as meninas, Nossa Senhora, as flores, tudo. Que dia o remédio chega?
- Eu te aviso - disse o pai.
E todo dia o pai chega do trabalho e o menino corria pra ele, aflito, batendo nos móveis, gritando:
- Chegou, papai? Chegou?
No dia 28 de Março, o pai chegou em casa, aproximou-se do filho ceguinho e balançou um vidrinho no ouvido dele.
- Sabe o que é isso filhinho?
- Sei, sei - gritou o menino - É o colírio! É o colírio!
- Exatamente, meu filho. É o colírio.
- Que bom - disse o menino - Agora eu vou poder ver as coisas, saber se eu pareço com você, saber a cor dos olhos da mamãe, usar meus lápis de cores, ver os pássaros, o céu, as borboletas. Vamos, papai, pinga logo este colírio nos meus olhos.
- Não. Hoje, não. - disse o pai - Mandei chamar sus avós, todos os nossos parentes; eles chegam no dia de seu aniversário, quero pingar o colírio com todo mundo aqui a sua volta.
Aí o menino disse todo conformado:
- É. O senhor tem razão. Quem já esperou dez anos, espera mais uns dias. Vai ser bom. Aí eu vou ficar conhecendo todos os meus parentes de uma vez.
E foi dormir, mais não dormiu. Passou a noite toda sofrendo, rolando na cama, pra lá, pra cá.
Quando foi no dia seguinte, dia 29 de Março, cedinho, ele acordou o pai.
- Papai, pinga num olho só. Num olho só. Eu fico com ele fechado até o vovô chegar, juro!
O pai disse:
- Não. Aprenda a esperar.
- Mas, papai, eu quero ver a vida, papai. Eu quero ver as coisas.
- Tudo tem sua hora meu filho. No dia do seu aniversário você verá.
O menino passou sem dormir o dia 29, o dia 30 e o dia 31. Quando foi alí pelas dez horas da noite ele chegou-se pro pai e disse:
- Papai, so faltam duas horas para o meu aniversário. Pinga, agora papai.
O pai pediu que ele esperasse a hora certa. Asssim que o relógio terminasse de bater as doze badaladas, ele pingaria o colírio nos olhos do menino. E o menino esperou.
À meia-noite, toda a família do garoto se reuniu no centro da sala e aguardou o final das doze badaladas. O menino ouviu uma por uma, sôfrego.
Beteram as dez, as onze, as doze!
- Agora papai, agora! O colírio.
O pai pegou o vidrinho, pingou uma gota num olho. Outra no outro.
- Posso abrir os olhos? - perguntou o menino.
- Não - disse o pai. - Tem que esperar um minuto certo. Senão estraga tudo. Vamos lá: 59, 58, 57, e foi contando, 34, e foi contando - e o menino de cabecinha erguida esperando - 26, 25, e foi, e foi, 15, 14, e toda a família em volta esperando, 10, 9, 8, 7, 6, 5, 4, 3, 2, 1, e já!
O menino abriu os olhos e exclamou:
- Ué. Eu não estou enxergando nada!
E a família toda, batendo palma, cantarolou no ritmo:
- Primeiro de Abril, Primeiro de Abril!

Humor negro total!

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